Russia Lover #22 - O Natal russo



A Rússia é um país regido pelo sistema ortodoxo, portanto seus feriados cristãos não obedecem as mesmas regras e datas que os nossos. Nós usamos o calendário gregoriano e eles usam o calendário juliano. O Natal, por exemplo, é celebrado dia 7, 8 e 9 de janeiro! Isso mesmo, só em janeiro! Mas vamos conhecer um pouco mais dos costumes deles:


Segundo registros, o Natal começou a ser celebrado no século X dez,animal! na Rússia. Naquela época, acreditava-se que no dia 6 de janeiro a mesma estrela que brilhou para os três reis magos também brilhava no céu daquela noite. Então eles jejuavam o dia inteiro e só poderiam se sentar e comer quando a tal estrela brilhasse. Daí se sentavam em uma mesa, que era polvilhada com feno para relembrar a manjedoura onde Jesus nasceu, e reuniam a família. Um prato de legumes era colocado no centro da mesa (o sotchivo), mas o banquete também tinha panquecas, peixe, geléia, leitão com mingau de aveia, pato com maçã, pratos quentes, bolos de mel, fruta cozida, etc. O caso é que só poderiam haver 12 pratos, representando os 12 apóstolos. Na mesa só poderiam se sentar em número par e, caso estivessem em número ímpar, o lugar vazio era coberto.

Cera derretida sendo jogada na água.
Já naquela época, eles cantavam hinos nas janelas. Jovens se vestiam especialmente para os eventos e recebiam prendas natalinas dos moradores depois de cantarem. As garotas tinham a tradição de adivinhar quem seria seu noivo, jogando uma bota por cima da cerca ou do muro e observando para que lado ela cairia, indicando onde estava seu noivo. Isso podia ser feito de outras maneiras também: cera, pela cinza, pelos sapatos, pelo espelho, pelas velas, pelo anel, uma chave e um livro, a neve, uma toalha, uma escova de cabelo, uma lamparina, pelos latidos de cachorros e até cavalos. No campo, era comum o pastor ir de porta em porta parabenizar a todos pelo natal (obsevaniya).

Apesar de o tempo ter passado, algumas aldeias mantiveram a tradição de cantar hinos, mas muitas perderam a de adivinhar os noivos. Os nobres também começaram a festejar de forma parecida com os camponeses, o que deu um âmbito nacional pro Natal russo.

Hoje, dependendo da região, os presentes podem vir no dia 6 ou 25 de dezembro ou 6 de janeiro. Dia 6 de dezembro é dia de São Nicolau, um homem que realmente existiu no século IV quatro, criatura! D.C., era de Mira na Ásia Menor, era bispo e que tinha o costume de ajudar as pessoas, distribuindo sua riqueza entre os pobres. Provavelmente foi o cara que inspirou toda essa história de Papai Noel no ocidente. Até o Papa Júlio resolver mexer nas datas, os presentes eram trocados no dia 6 de dezembro. Depois, o Papa Júlio resolveu mudar pro dia 25 de dezembro (quando Cristo nasceu) e pra afrontar a festa pagã de Saturnália no mesmo século. Não contente com isso, a Igreja Ortodoxa resolveu mudar de novo a data para o dia 6 de janeiro, quando os reis magos chegaram com os presentes pra dar a Jesus (dia de Reis, como é conhecido no nosso continente).


Quem traz os presentes não é o Papai Noel e sim o Ded Moroz (Дед Мороз = vovô do gelo) e a sua neta Snegoroushka (Снегурочка = a menina de neve). São Nicolau pode ter originado a lenda, mas com certeza o Ded Moroz é que deu a ideia da aparência por ter uma longa barba branca e roupas de inverno como o Papai Noel. Mas, como tudo que vem da Rússia, o Ded Moroz é mais legal e bonito! Nas antigas lendas ele é retratado como um cara justo e rigoroso, que pode ficar furioso com os preguiçosos ou malvados e prejudicar-lhes a colheita e a caça (isso se não congelar os caras até a morte), bem diferente do nosso gordinho risonho hein! Suas roupas geralmente tem adornos e bordados e sua roupa pode variar entre o azul ou vermelho ou verde, sendo que em muitos casos eles são vistos com um grande casaco até os tornozelos. Usam um gorro, luvas, cinto e botas que originalmente eram vermelhas, mas em alguns modernos encontra-se pretas ou brancas. Ele mora no Pólo Norte ou na Lapônia, mas de qualquer forma é frio pra caralho demais! Ao contrário do Papai Noel que se fode mata esforça muito pra entregar tudo sozinho, o Ded Moroz tem a ajuda de sua neta na noite de Natal. Pra variar, ela é loira e usa uma trança até a cintura. Usa um longo casaco também e botas. Geralmente aparece de branco, mas pode aparecer de azul também. Ao contrário do seu avô, a Snegoroushka parece ser adorada como uma divindade do inverno em muitos contos e peças, tornando-a boa e gentil com as pessoas e animais.


Outro costume nosso são os presépios, mas só no século XIII treze, seu puto! os presépios entraram pra tradição russa. Nessa época de Natal, eles não comem carne. A árvore (yolka) é decorada antes da ceia. Hoje em dia é esperada a aparição da primeira estrela no céu, porque só a partir daí que a festa começa! Os familiares se reúnem para acabar com o jejum, 12 pratos são colocados (a comida varia conforme a região) sobre um pano branco (manto que cobriu Jesus) e alguns ainda utilizam palha na mesa. Uma vela é acesa, o pai da família reza e então começam a comer. Depois da ceia, eles abrem os presentes e todos vão para a igreja assistir uma missa especial. Daí voltam pra casa. Em algumas aldeias eles voltam cantando Kolyadki, que exalta Jesus.

 Isso acontece, é claro, nas famílias mais tradicionais. Não quer dizer que todos os russos façam todo esse ritual, assim como nós aqui não fazemos também o da Igreja Católica. Muitos russos já adotaram as tradições ocidentais e comemoram no dia 25 de dezembro. Ainda sim é legal saber e observar as diferenças nas tradições natalinas pelo mundo. Termino o post com um Ded Moroz muito motherfucker lindo e que provavelmente é de uma das tribos que vivem mais ao norte da Rússia.


Liuka

É uma verdadeira draga de coisas inúteis e ao mesmo tempo interessantes.

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