MadCurioso: Dragão-de-Komodo


Gosto de pensar que alguns dinossauros ainda existem e estão perambulando pelo nosso planeta com uma ou duas mutações que no final das contas nem chegam a ser muito significativas. Um desses exemplos é o dragão-de-komodo, famoso pelo seu mau humor e principalmente pela sua mordida fatal.



Esse lagarto gigante e desengonçado pode chegar a ter de 2 a 3 metros de comprimento, pesar até 100kg, correr até 20 km/h, mergulhar até 4,5 metros de profundidade, viver por 50 anos e é encontrado principalmente nas ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores na Indonésia. Eles adoram uma carniça, mas também comem invertebrados, aves e mamíferos. Isso mesmo, já não bastasse esse bicho atingir 3 metros, ele ainda é carnívoro! Apesar de tudo, eles não costumam ser agressivos com seres humanos e convivem numa boa, inclusive são uma atração turística da Indonésia. Apesar de haverem poucos registros de ataques a humanos, o dragão-de-komodo parece gostar de conviver ao nosso lado (com comida de graça, até eu!).

Em verde indica onde ele ainda existe e em vermelho onde ele foi extinto.

Dragão-de-komodo bebê.
Como grande parte dos animais, os machos disputam pelas fêmeas e por território. Eles se levantam e ficam apoiados nas patas traseiras, tentando derrubar o outro. Quando um acaba no chão, ele perde a disputa. O interessante desses lagartos é que muitos aderem à monogamia, ou seja, ficam com um único parceiro sempre (o que é raro em lagartos), no entanto isso só ocorre na época de reprodução, pois na maior parte do tempo preferem viver sozinhos. Eles colocam de 15 a 30 ovos na areia e depois de 8 semanas os ovos se abrem. Os bebês de dragões já nascem medindo de 20 a 25cm de comprimento. Durante os primeiros anos, os jovens passam a vida em cima de árvores para garantir que não sejam atacados por outros animais, incluindo dragões adultos canibais. Demora até 5 anos para se tornarem adultos.

O dragão-de-komodo tem uma língua parecida com a de uma cobra. Com ela, é possível que ele sinta sabor e cheiro. Eles podem detectar a presa a até 9km de distância (na região onde eles vivem venta muito e isso traz o cheiro da vítima até ele). Suas escamas permitem que ele tenha tato. Sua audição não é muito boa e acredita-se que a sua visão seja melhor à noite, apesar de chegar a enxergar a 300 metros de distância e distinguir poucas cores.


Seu método de caça não é nada agradável, mas bastante astuto. Com sua cauda, ele derruba uma presa pequena numa emboscada e depois corta-a em pedaços com seus dentes. A mordida é mais utilizada quando a presa é grande como um búfalo, por exemplo. Ele o ataca sorrateiramente com suas garras afiadas e o morde. Possivelmente a presa acha que escapou e sai correndo, mas está terrivelmente enganada. O dragão a segue até que ela caia fraca pela ação do veneno e só então ele resolve devorá-la calmamente. Sua saliva ajuda a lubrificar a refeição para melhorar a deglutição. Às vezes ele batem contra as árvores para ajudar a comida a descer e para não acabarem sufocados. Com um metabolismo muito lento, alguns dragões chegam a sobreviver com apenas 12 refeições por ano. No final de cada digestão, ele vomita ossos e pêlos cheios de muco. Há registros de dragões que chegaram a escavar covas um pouco rasas e comer cadáveres humanos, por isso os cemitérios das ilhas agora tem pedras em cima das sepulturas para evitar que o guloso vá fuçar um presunto que foi enterrado o dragão ataque as sepulturas.

Abaixo você pode ver um dragão-de-komodo caçando um presunto javali:


Por décadas os cientistas acharam que a saliva do dragão-de-komodo era cheia de bactérias perigosas que causavam infecções terríveis e fatais nas vítimas, mas a verdade é que estudos recentes mostram que esses animais tem glândulas de veneno bem pequenas, mas que produzem um veneno ultra mortal (da qual ele é imune, obviamente). Quando ele morde suas vítimas, injeta esse veneno que as mata pouco tempo depois. As grandes dificuldades de se descobrir isso foi que não há espécimes para autópsia (eles duram 50 anos, então é difícil encontrar um corpo de um dragão-de-komodo), os dentes do dragão são serrilhados como os de um tubarão e diferem de todos os outros lagartos peçonhentos (o que levava os cientistas a descartarem a possibilidade de poderem injetar veneno pela mordida antigamente), além do mais nenhum cientista queria se arriscar a tirar amostras da boca de um dragão selvagem. A solução foi tirar amostras das bocas de dragões de cativeiro e a maior sorte foi um grupo de cientistas receberem o corpo de um animal morto.

Para proteger esses formidáveis animais, foi criado o Parque Nacional de Komodo. Sua caça é proibida, já que sua pele é muito visada. Estima-se que haja até 5 mil dragões no planeta. O motivo de tanta preocupação é que vulcões, terremotos, incêndios e o aumento da população humana nas ilhas acabam com o seu habitat e eles não conseguem se reproduzir e sobreviver. Alguns espécimes estão em zoológicos por todo o mundo. Moradores locais os reverenciam por acreditarem que são a encarnação de seus antepassados.

Dragão Krakatoa do zoológico St. Augustine Alligator Farm, na Flórida, em seu aniversário.

Liuka

É uma verdadeira draga de coisas inúteis e ao mesmo tempo interessantes.

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